Frases, poesias  e textos de Pedro Casaldáliga sobre o martírio


“A graça maior que Deus pode conceder a alguém que segue os passos de Jesus é o martírio”


“Este, mais do que nunca, é um tempo de mártires”


“Mártires são todos aqueles que “deram a vida pela vida”


Cantamos o sangue
dos nossos melhores.
A prova maior!
Cobramos as flores
De suas feridas
Vivemos a vida
Que a morte ceifou!
Estamos acostumados a homenagear os mártires que nos fizeram e esquecemos de prestar homenagem aos mártires que a Igreja fez.


Muito sangue para lavar muito crime, para fecundar muitas terra, muita Igreja.


Há séculos que Nossa América vem sendo regada pelo sangue dos muitos mártires que, sobretudo os impérios, as oligarquias e as ditaduras, vêm fazendo neste “Continente da morte e da esperança”.


Mártires do Reino, essa “nuvem de testemunhas” nos obriga e nos convoca para a vivencia e a promoção das causas humanas maiores, que são também causas do Reino de Deus.


América Latina
Sobre sua longa morte e esperança
desnudo o corpo inteiro
– a palavra, o sangue, a memória –
definitivamente
será minha cruz
a América Latina.


Cremos que enquanto houver martírio, haverá credibilidade,
enquanto houver martírio, haverá esperança.
Vocês lavaram as vestes de seus compromissos
no sangue do cordeiro.
E seu sangue no sangue d’Ele
continua a lavar também nosso sonhos,
nossas fragilidades e nossos fracassos.
Enquanto houver martírio, haverá conversão,
enquanto houver martírio, haverá eficácia.


Os cristãos estamos habituados a reconhecer e a celebrar somente os mártires que outros nos fazem. Ignoramos tranquilamente os muitos mártires que nós fazemos.
Uns e outros, Mártires da Causa Indígena. A Cruz, no meio deles todos. Aqueles, morrendo pelo amor do Cristo. Estes, massacrados “em nome” do Cristo e do Imperador:
… mártires indefensos
pelo Reino de Deus feito Império,
pelo Evangelho feito decreto de Conquista.
Vítimas dos massacres que ficaram com nome glorioso
na mal contada Historia,
na mal vivida Igreja…


O martírio é uma confissão-testemunho-da-morte da fé cristã ou da fé no Reino? Esta seria uma primeira pergunta preliminar.
E previamente se deveria fazer quatro considerações:

  1. O testemunho do martírio é um testemunho violento, mesmo quando generosamente se presta a essa fé.
  2. Esse testemunho tem valor na medida em que é dado como tal e na medida em que é reconhecido como tal. Precisamos ter sensibilidade para o martírio que aconteceu antes de nós. A Igreja às vezes perde a sensibilidade frente a certos martírios.
  3. Os povos estão cada vez mais de acordo para canonizar não tanto os mártires de uma fé, talvez privatizada, quanto as vítimas públicas de todo o imperialismo e toda repressão.
  4. A Igreja Católica aceitou em seu martirológio, nem sempre historicamente crítico, o martírio de coletividades mais ou menos anônimas. Há martírios coletivos, há povos martirizados.

De um tempo para cá, não se pode falar mais de caminhada do povo, sem falar em caminhada dos mártires.


A Teologia da Libertação, por outro parte, sistematizou a espiritualidade da libertação, a pastoral da libertação e o martírio da libertação já é uma herança indestrutível.


<<Nada há de mais subversivo
     que o cadáver
     de um mártir>>.


Mártires indefesos
pelo Reino de Deus feito Império,
pelo Evangelho feito decreto de Conquista.
Vítimas nos massacres que ficaram com nome gloriosos
na mal contada História,
na mal vivida Igreja.


Mártires-sempre-mártires.
E todavia sempre
                sobreviventes,
    sempre
                 protótipo fecundo da contextura humana.

Categorias: Pedro, Mártir

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